“As propostas políticas do Conselho
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) encontram desafios da
ordem do orçamento e da burocracia. No entanto, seu principal obstáculo é o
modelo de desenvolvimento brasileiro estritamente focado no crescimento
econômico, que deixa de lado aspectos relacionados à saúde e à segurança
alimentar e nutricional da população”. Essa é a conclusão da nutricionista
Isabela Fleury Sattamini, que acaba de apresentar sua dissertação de mestrado
em saúde pública e meio ambiente na Escola Nacional de Saúde Pública
(Ensp/Fiocruz), intitulada Segurança alimentar e nutricional no
Brasil: análise das propostas políticasa do Consea de 2004 a 2007.
A segurança alimentar e nutricional
ganhou espaço de destaque no governo, desde 2003, com a criação do Consea,
que aborda as questões relativas ao tema enfrentando o modelo hegemônico de
desenvolvimento brasileiro. Segundo Isabela, o panorama atual é animador,
observam-se avanços, mas os desafios históricos ainda persistem. “A questão
da fome e da desnutrição é contemplada por políticas específicas, embora
ainda não tenha sido erradicada e prevaleça, principalmente, entre populações
mais vulneráveis, como os indígenas", destacou.
A nutricionista afirmou que um
problema atual e crescente é a obesidade, que também representa situação de
alimentação inadequada à saúde e à segurança alimentar. Para Isabela, a
questão deve ser abordada de forma intersetorial e necessita de ações
estruturantes, que alterem o sistema que determina as condições sob as quais
as pessoas realizam suas escolhas alimentares, e não apenas ações
emergenciais. Isabela acrescentou que a natureza da segurança alimentar e
nutricional envolve aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais, da
ordem do direito, da educação e da saúde.
Entre as perspectivas apontadas
pela pesquisa, destaca-se a necessidade de um olhar interdisciplinar sobre o
tema, no qual haja diálogo entre todas as partes interessadas. “O olhar
analítico comprometido com questões de justiça social é fundamental nas
pesquisas de segurança alimentar e nutricional. Atualmente, é importante o
desafio da obesidade infantil e ações como a luta pela regulação da
publicidade de alimentos para crianças”, defendeu.
Isabela Fleury Sattamini é formada em nutrição pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e editora-assistente na World Public Health Nutrition Association. A orientadora principal de sua dissertação foi Elvira Maria Godinho de Seixas Maciel e a segunda orientadora, Tatiana Wargas de Faria Baptista, ambas pesquisadoras do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde da Ensp/Fiocruz.
Fonte: FIOCRUZ
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quinta-feira, 4 de abril de 2013
Dissertação aponta que modelo de desenvolvimento afeta segurança alimentar
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